A fabricante suíça WinGD anunciou o desenvolvimento de um motor de navio de dois tempos que funciona com etanol. A nova tecnologia estará disponível ao mercado a partir de 2026 e deve ser integrada em projetos de retrofit ou novas embarcações já em 2027. A empresa negocia com produtores de etanol e companhias de navegação, mas não revelou os nomes das partes envolvidas nas tratativas comerciais.
O projeto é resultado de mais de uma década de pesquisas. Antes do motor de navio a etanol, a WinGD havia desenvolvido uma versão adaptada para metanol, que já começou a ser utilizada no mercado. O novo equipamento é baseado no ciclo diesel, com modificações no sistema de controle e injetor, considerando a densidade energética específica do etanol como combustível.
As conversas com produtores visam viabilizar o uso comercial do biocombustível. No entanto, a companhia não detalhou quais empresas estão envolvidas nas negociações. Além da WinGD, outra fabricante que aposta na mesma linha tecnológica é a finlandesa Wärtsilä, que firmou uma parceria com a Raízen em 2023 para testar o uso do etanol como combustível marítimo.
Etanol avança no setor marítimo
A perspectiva entre produtores é de que o uso do etanol como combustível limpo seja adotado mais rapidamente no transporte marítimo do que no aéreo. Isso ocorre porque as tecnologias em desenvolvimento para navios utilizam soluções do tipo drop-in, ou seja, que funcionam diretamente nos motores adaptados, sem necessidade de processamento adicional.
Na aviação, o uso do etanol depende da conversão do biocombustível em SAF (combustível sustentável de aviação), processo industrial mais complexo. Atualmente, apenas uma planta piloto produz SAF a partir de etanol, usando a rota ATJ (álcool para jato). A produção mais comum ainda é feita com óleos, na tecnologia HEFA, que está mais avançada comercialmente.
Ainda neste mês, a Organização Marítima Internacional deve publicar novas orientações sobre a redução de emissões de gases de efeito estufa. A expectativa é que o documento traga, pela primeira vez, menções ao etanol como opção viável de combustível limpo para navios com mais de 5 mil toneladas de capacidade.