O Japão é um dos destinos mais valorizados para a carne bovina no comércio internacional. O país asiático está entre os cinco maiores importadores do mundo e paga, atualmente, cerca de US$ 7 mil por tonelada da proteína, valor aproximadamente 27% superior à média brasileira, que gira em torno de US$ 5,5 mil. A abertura do mercado japonês pode representar uma nova oportunidade para a cadeia produtiva da carne no Brasil.
Segundo Felipe Fabbri, coordenador da equipe de inteligência de mercado da Scot Consultoria, a eventual entrada do Brasil no mercado japonês traria ganhos expressivos à indústria frigorífica. “É um país que remunera melhor a indústria frigorífica e toda a cadeia produtiva”, afirma. Além do retorno financeiro mais alto, o acesso ao Japão ampliaria o leque de destinos estratégicos para a proteína nacional.
Alta de custos em concorrentes favorece o produto brasileiro
O Japão costuma importar carne bovina principalmente dos Estados Unidos e da Austrália. No entanto, a alta nos preços da arroba nesses países tem encarecido a proteína nas últimas temporadas. Atualmente, a arroba norte-americana está próxima de US$ 100, enquanto na Austrália os valores oscilam entre US$ 65 e US$ 70, o que reduz a competitividade dos dois países no mercado asiático.
Com um custo de produção mais baixo, o Brasil passa a ser uma alternativa viável para os japoneses. Fabbri ressalta que, mesmo que o Japão não se torne um importador em grandes volumes, como a China, o país pode ajudar a preencher a lacuna deixada pelos Estados Unidos nas compras de carne brasileira, após as tarifas comerciais impostas durante o governo Trump.
Caso um acordo seja firmado até o fim de 2025, o Japão poderá se consolidar como um novo cliente da carne bovina brasileira. A expectativa é de que o país asiático mantenha um volume de importação estável, com projeção de 730 mil toneladas em 2025, número semelhante ao registrado no ano anterior.
A possível abertura do mercado japonês tende a gerar efeitos positivos no setor. Segundo Fabbri, a exportação para destinos de maior valor agregado pode sustentar os preços do boi gordo no Brasil. Por outro lado, o estímulo ao mercado externo deve manter a oferta mais contida no mercado interno, com impactos sobre os níveis de disponibilidade e comercialização doméstica.


