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Abate de bovinos deve cair 9% em 2026, projeta Datagro

Consultoria aponta retenção de fêmeas e possível efeito do La Niña como fatores que devem reduzir a oferta de animais no país

Bovino
Datagro estima queda de 9% no abate de bovinos em 2026 (foto: Reprodução/Internet)

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O abate de bovinos no Brasil deve cair 9% em 2026, após uma retração projetada de 5% neste ano. A estimativa foi divulgada pela consultoria Datagro nesta quarta-feira (17), durante evento em São Paulo. Segundo os analistas, a queda está associada ao processo de retenção de fêmeas, característico da virada de ciclo pecuário, que influencia diretamente a disponibilidade de animais para os frigoríficos.

De acordo com Guilherme Jank, analista de pecuária da Datagro, os preços regionais já refletem essa mudança. “Se a gente olha os diferenciais de base, temos visto Mato Grosso do Sul com preços mais caros que São Paulo e Mato Grosso com preços muito próximos. Isso não é tão comum”, afirmou para o Globo Rural. Ele destacou ainda que o movimento de transição é heterogêneo entre as diferentes regiões do país.

Nas praças do Norte, a trajetória de alta tem sido mais intensa do que no Sul. Para Jank, esse cenário indica restrição de oferta em formação. “São todas praças de fêmeas, de cria, e quando isso começa a aparecer numa trajetória mais longa é porque tem alguma coisa por trás dizendo que já tem uma restrição de oferta querendo se materializar”, avaliou o especialista durante a apresentação.

Possível efeito do La Niña pode reforçar retenção

A Datagro também chamou atenção para a possível formação do fenômeno La Niña em 2026. Modelos climáticos da consultoria apontam que o evento deve provocar chuvas acima da média nas regiões central e norte do Brasil. Esse cenário favorece a formação de pastagens e, consequentemente, incentiva os pecuaristas a reter animais, reduzindo a taxa de abates.

Jank explicou que o setor ainda vive uma fase de liquidação de rebanho, mas com sinais claros de inflexão. “A gente ainda está em liquidação de rebanho, mas não estamos mais com a mesma disponibilidade de estoque. Portanto, a alta de abates não é mais um cenário estrutural, ela já ocorre de forma fragmentada, com sinais de inflexão”, concluiu.

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