A capivara foi apontada como o quarto animal com maior risco para a aviação civil brasileira, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira (28) pelo Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a Secretaria Nacional de Aviação Civil. O roedor é o único entre as 20 espécies mais perigosas listadas, grupo dominado por aves.
O que você precisa saber
- Capivara é o único mamífero entre os 10 animais mais perigosos;
- Roedor já provocou 33 colisões com aeronaves desde 2019;
- Pousos concentram maioria dos impactos com capivaras;
- Medidas sugeridas incluem cercamento e controle de drenagem;
- Animal pode pesar até 91 kg e causar danos sérios a aviões.
Desde 2019, quando os primeiros registros passaram a ser oficialmente computados, houve 33 colisões entre aeronaves e capivaras em aeroportos do Brasil. Destas, cinco resultaram em danos às aeronaves. O pouso foi a fase do voo com maior incidência, com 19 ocorrências. O efeito mais comum foi a arremetida, com quatro registros causados pela presença do animal nas pistas.
As capivaras são os maiores roedores vivos do mundo e, segundo o relatório, também são os animais de maior massa corporal entre os identificados nas colisões: podem pesar entre 27 kg e 91 kg. O peso elevado aumenta o potencial de dano em casos de impacto com aeronaves, o que reforça o nível de risco atribuído à espécie nos aeroportos.
No ranking geral, a capivara aparece atrás apenas de aves como o urubu-de-cabeça-preta, seriema e fragata. Em comparação, o urubu-de-cabeça-preta, primeiro da lista, pesa entre 1,18 kg e 3 kg, mas lidera em número de ocorrências, com mais de 600 casos registrados entre 2011 e 2024 em 120 aeródromos brasileiros.
Ao todo, 11 aeroportos em seis estados registraram colisões com capivaras: Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Acre e Pernambuco. O relatório sugere medidas de contenção para evitar novos incidentes, como o cercamento de áreas de mata próximas às pistas, monitoramento de valas de drenagem e análise constante dos riscos à segurança operacional causados pela presença da fauna.
O estudo também cita um caso curioso ocorrido no ano passado, quando câmeras de segurança flagraram uma capivara dentro do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, em Florianópolis. O animal circulou pelo saguão durante a madrugada e foi retirado por um funcionário da concessionária que administra o local.
A popularização das capivaras em ambientes urbanos é apontada como um fator que contribui para o aumento das ocorrências. Com hábitos semi-aquáticos e comportamento tranquilo, esses animais têm facilidade para acessar áreas com vegetação e água, comuns no entorno de pistas e aeródromos.
O levantamento da UFSC integra uma série de esforços para mapear os riscos da fauna à aviação civil e estabelecer estratégias de prevenção. As colisões entre animais e aeronaves, conhecidas como bird strikes — ainda que também envolvam mamíferos —, representam um dos principais riscos operacionais e podem resultar em atrasos, manobras emergenciais e até danos estruturais.