A tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos ao café brasileiro desde 6 de agosto está provocando mudanças significativas no mercado global do grão. Segundo dados da Intercontinental Exchange (ICE), o contrato para dezembro subiu de US$ 287,55 por saca em 31 de julho para US$ 378,30 na última sexta-feira (22), o que representa uma alta de 31,6% em apenas três semanas.
Com o encarecimento do produto brasileiro para os americanos, as exportações migraram para outros destinos. Márcio Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), afirma que, diante da tarifa, compradores dos EUA buscaram outras origens, mas a oferta global apertada puxou os preços para cima. “Outros países começaram a antecipar compras de café. A gente tem percebido esse movimento do lado da Europa e da Ásia”, disse para o Globo Rural.
O aumento nos preços também é impulsionado por perdas na safra brasileira. A Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer) estima prejuízo de ao menos 412 mil sacas de café arábica em decorrência das geadas que atingiram o Cerrado Mineiro nos dias 10 e 11 de agosto. Segundo Ferreira, “o mercado não consegue prever onde está o pico de preços” com a combinação de fatores climáticos e incertezas comerciais.
Europa e Ásia avançam, e americanos pagam mais caro
Mesmo com o impacto nas exportações para os Estados Unidos, o Brasil conseguiu ampliar os embarques para outros destinos. Dados da balança comercial indicam que, nas três primeiras semanas de agosto, os embarques de café verde cresceram 14% em relação ao mesmo período de 2024. Em julho, as exportações haviam recuado 27,6%, totalizando 2,73 milhões de sacas, mas a receita subiu 10,4%, alcançando US$ 1,03 bilhão, segundo o Cecafé.
A medida tarifária afeta diretamente o consumidor americano, que passa a pagar mais caro pelo café. Além da tarifa sobre o Brasil, o governo Trump impôs taxas de 20% sobre o café do Vietnã e de 10% sobre o grão da Colômbia. “O consumidor americano passa a ser um aliado contra a tarifa, porque ele é muito prejudicado”, afirma Márcio Ferreira.