Diante da crescente perda de espaço para o Brasil no mercado de soja, a American Soybean Association (ASA), maior entidade do setor nos Estados Unidos, enviou uma carta ao presidente Donald Trump pedindo que a soja seja tratada como prioridade nas negociações comerciais com a China.
O alerta ocorre em meio à escalada de tarifas entre os dois países, que tornou a soja americana até 20% mais cara que a brasileira no mercado chinês — o maior comprador global da oleaginosa. “Os produtores de soja dos EUA estão à beira de um precipício comercial e financeiro”, escreveu Caleb Ragland, presidente da ASA e produtor rural do Kentucky. A informação é do Globo Rural.
Segundo a associação, as tarifas impostas pela China como retaliação às medidas comerciais dos EUA tornaram a soja americana economicamente inviável para os compradores chineses — favorecendo diretamente o Brasil. “Os produtores de soja estão sob extremo estresse financeiro. Os preços continuam caindo e, ao mesmo tempo, nossos produtores estão pagando significativamente mais por insumos e equipamentos. Os produtores de soja dos EUA não podem sobreviver a uma disputa comercial prolongada com nosso maior cliente”, diz o texto.
Brasil consolida liderança global
De acordo com dados da alfândega chinesa divulgados pela Reuters, em julho de 2025, a China importou 10 milhões de toneladas de soja brasileira, volume 13,9% superior ao do mesmo mês em 2024. Em contrapartida, as importações de soja americana caíram 11,5% no mesmo período.
Esse desempenho fez as exportações totais do Brasil atingirem um recorde histórico para o mês de julho, com 12,25 milhões de toneladas embarcadas, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No acumulado de janeiro a julho de 2025, o Brasil já exportou 77,2 milhões de toneladas de soja, outro recorde. Do total, 57,9 milhões de toneladas foram destinadas à China, consolidando o país como maior fornecedor global da oleaginosa.