As exportações de café brasileiro para os Estados Unidos despencaram em agosto de 2025. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o volume enviado ao mercado norte-americano entre os dias 1º e 25 do mês foi de 193,9 mil sacas, o que representa uma queda de 46,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A retração ocorre logo após a aplicação de uma tarifa de 50% imposta pelo governo norte-americano.
O impacto já se reflete nos preços praticados no mercado consumidor. De acordo com o Cecafé, o café brasileiro ficou cerca de 30% mais caro para os consumidores dos Estados Unidos desde o início do tarifaço. A medida, adotada pela administração Trump, afetou diretamente os embarques em agosto. Em julho, o Brasil havia exportado cerca de 450 mil sacas ao país.
O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, afirmou que o recuo nos embarques não se deve apenas à medida tarifária. “Em julho, as exportações foram em torno de 450 mil sacas. Comparando com este mês [agosto], houve uma queda expressiva nos embarques, com efeito da safra menor e do tarifaço”, explicou. Ainda assim, ele avalia que o principal impacto veio da nova tarifa imposta ao café brasileiro.
Heron ressaltou que a demanda norte-americana continua firme, mesmo diante do encarecimento do produto. “Não há um cenário de redução do consumo nos Estados Unidos. O tarifaço acaba gerando aumento nos preços e quem paga a conta é o consumidor americano”, destacou o representante da entidade. Os EUA são historicamente um dos maiores importadores do café produzido no Brasil.
A queda nas exportações ocorre no momento em que o governo brasileiro avalia possíveis retaliações comerciais contra os Estados Unidos. Na última quinta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o início da análise para aplicação da Lei da Reciprocidade, aprovada em abril e regulamentada em julho. A norma prevê que o Brasil pode adotar medidas contra países que impuserem barreiras ao comércio de produtos nacionais.