INOVAÇÃO

Embrapa mira agtechs no Norte e Nordeste após sucesso de fazenda laboratório em SP

Presidente da estatal defende descentralização do apoio à inovação no agro e cobra mais investimentos

Embrapa
Embrapa quer levar modelo de apoio a agtechs para o Norte e Nordeste (foto: Reprodução/Internet)

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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vai expandir para o Norte e Nordeste sua estrutura de apoio a startups do agronegócio. A estratégia busca descentralizar a inovação aberta no setor, hoje concentrada no Sudeste, e oferecer suporte técnico a agtechs que operam em regiões com menor acesso à infraestrutura de pesquisa.

Segundo Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, a estatal conta com 43 centros de pesquisa espalhados pelo país, que podem funcionar como base para parcerias com startups. Em entrevista ao Globo Rural, ela afirmou que o objetivo é usar esses centros para fomentar a inovação de forma regionalizada, aproveitando o modelo de sucesso já existente em Jaguariúna (SP), onde funciona o Agnest.

O Agnest é uma fazenda laboratório operada pela Embrapa Meio Ambiente, criada em parceria com o Banco do Brasil, que oferece 66 hectares para validação de produtos e serviços de agtechs. Desde 2022, o espaço atua como um laboratório vivo voltado à inovação no agronegócio. “Nossa ideia é criar esse modelo na Amazônia e no Nordeste, regiões que precisam desenvolver mais técnicas de inovação”, disse Massruhá.

A presidente da estatal explica que, até poucos anos atrás, esse tipo de iniciativa era mais comum em áreas urbanas, ligadas a cidades inteligentes. “A gente via esse tipo de negócio para inovação aberta na área de cidades inteligentes, mas não no agro”, afirmou. A crescente procura por mentoria de startups desde 2017 motivou a criação do Agnest como referência para novos projetos da Embrapa.

Segundo o Radar Agtech, o número de startups voltadas ao agronegócio no Brasil cresceu 75,2% em cinco anos. Em 2019, eram 1.125 empresas ativas; atualmente, são 1.972. Massruhá avalia que o mercado passou por um “boom” inicial, seguido por uma fase de maturação. Muitas empresas que surgiram com alta expectativa acabaram fracassando por tentar escalar de forma precoce.

Apesar da intenção de crescer e apoiar ainda mais startups, a Embrapa enfrenta limitações orçamentárias. De acordo com Massruhá, a empresa opera hoje com apenas 20% dos recursos que dispunha dez anos atrás. O orçamento anual da estatal caiu de R$ 800 milhões para R$ 160 milhões. “O ideal para a Embrapa é ter pelo menos R$ 500 milhões. Então, é um terço que a gente teve nos últimos anos”, disse.

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