IMPACTO

China zera importação de soja dos EUA e amplia compras do Brasil em 30%

Conflito comercial entre Pequim e Washington favorece o Brasil, que respondeu por 85% da soja importada pela China em setembro

Grãos de soja com vagens secas abertas sobre superfície após colheita
China zerou importações de soja dos EUA pela 1ª vez desde 2018 (foto: Reprodução/Internet)

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O conflito comercial entre Estados Unidos e China provocou uma mudança brusca nas rotas globais de exportação de soja. Pela primeira vez desde 2018, o país asiático zerou as importações do grão norte-americano em setembro, enquanto aumentou em quase 30% as compras da soja brasileira. O movimento consolidou ainda mais a liderança do Brasil como principal fornecedor da oleaginosa para a China.

Dados divulgados nesta segunda-feira (20) pela Administração Geral de Alfândegas da China mostram que as importações do grão dos Estados Unidos caíram de 1,7 milhão de toneladas em setembro de 2023 para zero no mesmo mês de 2024. O cenário é consequência das tarifas mais altas sobre produtos americanos, do fim dos estoques remanescentes e da escalada nas tensões comerciais entre os dois países.

Tradicionalmente, o mês de agosto marca o início das negociações da nova safra americana com a China, período em que as indústrias chinesas garantem reservas com preços mais competitivos. Neste ano, no entanto, nenhum contrato foi fechado com exportadores dos EUA, o que explica a ausência total de embarques no mês seguinte.

Brasil lidera com folga exportações à China

Com a saída dos Estados Unidos do mercado chinês, o Brasil ampliou seu domínio. As exportações brasileiras somaram 10,96 milhões de toneladas em setembro, um aumento de 29,9% na comparação anual, o equivalente a 85,2% da soja comprada pela China no período. A Argentina também aproveitou o vácuo e elevou suas exportações em 91,5%, com 1,17 milhão de toneladas, representando 9% do total.

No total, as importações chinesas de soja atingiram 12,87 milhões de toneladas métricas, o segundo maior volume da história registrado em um único mês. A alta foi impulsionada pelo esforço do governo chinês em garantir o abastecimento da indústria de ração, diante da escalada tarifária entre Washington e Pequim.

Guerra comercial beneficia concorrentes dos EUA

A guerra comercial voltou a se intensificar após o governo de Donald Trump anunciar tarifas de até 100% sobre produtos chineses, o que levou a China a buscar alternativas mais estáveis e economicamente viáveis. O Brasil, que já vinha liderando o fornecimento do grão para o país asiático, consolidou ainda mais sua posição com o novo cenário.

Historicamente, os Estados Unidos eram o segundo maior fornecedor de soja à China, atrás apenas do Brasil. Com a mudança recente, a disputa pelo segundo lugar se intensificou, com Argentina e outros exportadores buscando ampliar presença no principal mercado consumidor de soja do mundo.

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